O professor e a diversidade na sala de aula


Enquanto lia o livro “Currículo na educação inclusiva: entendendo esse desafio” de Maria de Fátima Minetto, lembrei de boa parte das crianças e suas famílias que já conheci que tinham um filho considerado de inclusão na escola.
Recordei do quanto eu falava e ainda falo da dificuldade de o professor “dar conta”, como coloca Minetto. Dentro do curso de formação dos professores muitos aspectos são trabalhados para se compreender os alunos, como psicologia da educação, onde são estudadas as diversas teorias da psicologia e, com isso, espera-se que o professor tenha um olhar diferenciado.
Na prática, quando o professor “encara” a turma, boa parte da teoria contemplada na formação parece perder sentido. Lutasse pela atenção do aluno, para que ele mantenha notas boas, para que ele entenda os conteúdos, para que não arranje problemas com os colegas e se socialize e se desenvolva bem. E essa luta é diária, muitas vezes extremamente cansativa para o educador. Alguns professores gritam, outros mandam para a coordenadora os alunos que tiveram algum mau comportamento. Enfim, nesse momento o conceito diversidade parece ter sumido pelo ar. Aquele aluno mais agitado extrapola, e a professora se vê obrigada a colocar limites de frequetemente para mostrar que é assim que funciona naquela sala. As regras são claras e não se deve extrapolar. Neste momento, o aluno agitado é somente o aluno agitado que atrapalha a aula. Posteriormente este aluno chega na sala de aula com um laudo dizendo que ele é hiperativo. E agora, o que fazer¿ A professora lembra o que aprendeu sobre hiperatividade, mas como aplicar isso e ainda assim colocar limites na sala de aula¿ Ela lembra que é necessário que o aluno dê algumas voltas pela escola, para ajudá-lo a se controlar, mas o que falar para os outros alunos que gostariam de dar umas voltas pela escola também¿
O problema de controlar a sala pode parecer muitas vezes sem solução. Neste texto não cabe as razões para isso, mas estamos numa época em que parece haver uma multiplicação de hiperativos, de alunos com Síndrome do Pensamento Acelerado, com falha no processamento auditivo, transtorno de conduta, etc. Não estou dizendo que essas pessoas não existiam antes,  talvez o olhar aberto para esses transtornos e síndromes, pode ter sido o grande avanço para a educação gerado a partir de muitas pesquisas. Entretanto, ocorre que não há salas de aula que só tenham crianças sem nenhum diagnóstico do tipo ou que ainda receberá um. Ou seja, olhando para toda a sala, cada indivíduo tem suas características, merecem um olhar individualizado e ainda há outros alunos com características mais acentuadas e que estão comprometendo seu desenvolvimento.
Na minha experiência percebi que pelo menos a maioria dos professores tem o profundo desejo de educar e ver seus alunos bem. O professor estudou para compreender as diferenças entre os alunos, e ver um aluno numa situação que este educador não consegue ajudá-lo é motivo para uma frustração diária. É o querer ajudar e se ver impossibilitado para isto.
Na atuação deste docente, ele expressa muito de si próprio e apesar de muitas vezes o conteúdo ser o mesmo, cada professor expõe de forma diferente. Para ajudar o professor no contexto de uma sala de aula, não basta somente explicar sobre as diferenças entre os alunos e as Necessidades Educacionais Especiais que eles possam vir a ter. É necessário olhar esse educador, compreender sua subjetividade. Entendendo esse professor, pode-se orientá-lo com mais propriedade e tirar dele mesmo, soluções para as situações de trabalho.
Em geral os professores tem o desejo de alcançar aquilo que foi idealizado na sua formação, mas ainda é necessário repensar sobre como atingir isso efetivamente.





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