A importância da continuidade na psicoterapia infantil

No livro Privação e Delinquência, Winnicott (2002) faz referência às crianças que frequentam a psicoterapia infantil e expõe o seguinte fato, nenhuma mãe quer que seu filho vá para a psicoterapia, mesmo aquelas que são muito presentes e colaborativas. O autor diz que é como se a mãe tivesse falhado ou não está “dando conta” de seus próprios filhos. Quando se observa por esse ângulo, fica fácil compreender a dificuldade de muitos pais em levarem seus filhos para a psicoterapia. Talvez eles não vejam pela questão da falha, do erro, mas sim, por um lado social, o receio do julgamento dos outros. Observo que é comumente os pais se referirem a mim, psicóloga, como médica de seus filhos, quando mencionam o local onde eles estão para algum amigo que ligou no momento do atendimento. O fato é que pouco se conhece ainda do trabalho do psicólogo.
Um adulto que frequentou por um tempo razoável a psicoterapia com um psicólogo em que ele sentiu que este seria capaz de ajudá-lo, não terá dúvidas em dizer o quanto ela é válida e significativa, de o quanto ajudou em sua vida e o libertou. Para alguém que passou essa experiência favorável, talvez dizer que seu filho precisa do acompanhamento psicoterático não seja nenhum bicho de sete cabeças, esse adulto sabe que todos tem suas questões, seus medos, suas dificuldades, suas incompreensões, e quando o mesmo diz para  um amigo, “seria interessante você ir num psicólogo”, definitivamente não tem o caráter de ofensa, e sim, é um querer bem, um carinho.
Ir para um psicólogo não é como ir a uma massagem, não é algo relaxante, um momento de puro desabafo. Ir para um psicólogo é um ato de coragem, de força e bravura. Na psicoterapia será trabalhado justamente as difíceis questões ou a tomada de consciência de fatos que nem o paciente, nem seus amigos percebiam. E a partir do contato com este profissional especializado, se tem o suporte necessário para lidar consigo mesmo e se libertar disso, e de fato ficar mais leve, sem precisar fugir ou enfurecer-se com os problemas, mas sim, encará-los.

Nesse momento entra a questão da assiduidade do paciente às sessões. Frequentemente ouço colegas comentarem que os adultos são muito mais rigorosos, eles não costumam faltar como as crianças e nem largam tão facilmente a psicoterapia. O fato é que o adulto sente em sua própria pele as vantagens e ganhos com sua frequência. Ele sente sua vida melhorar, e provavelmente antes via seus problemas como questões sem saída, ou que cada vez estavam levando mais ao sofrimento dele próprio ou dos demais que o cercam. Agora, no caso da criança, são poucas e raras as que pedem para ir ao psicólogo. Geralmente elas são encaminhadas pela escola ou por outro profissional e, num índice extremamente menor, em razão de seus pais. Aí entramos no que está supracitado no texto, para os pais aceitarem a psicoterapia, fora os fatores financeiros, há muitos outros fatores envolvidos, mas o primeiro passo, por mais óbvio que pareça ser, é buscar entender o que é a psicoterapia, quais são os objetivos, como se desenvolve o processo, qual a participação dos pais, e, apesar de muitas outras questões, finalizo com;acreditar.


Psic. Pp. Auria Carolina Amadori


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Winnicott, D. W. Privação e Deliqüência. São Paulo: Martins Fontes. 2002. 

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